Em 1973, o grupo Anarchitecture - uma dúzia de jovens artistas bem conhecidos provenientes de diversas áreas - , começou a reunir-se para produzir uma série de propostas colectivas. Apesar de alusivo à palavra anarquia, Matta-Clark considerou que o termo não implicava anti-arquitectura, mas sim uma "tentativa de divulgar ideias sobre espaço que são perspectivas e reacções pessoais e não declarações sociopolíticas formais".1
Nas suas reuniões informais, o grupo improvisava, trocava de contextos e adoptava as implicações físicas e as inovações espaciais dos bailarinos, ou as performances híbridas de artistas como Laurie Anderson.
Propunham-se, assim, alternativas a espaços com potencialidades arquitectónicas, numa espécie de jogo em que os espaços urbanos instáveis, "vazios metafóricos, intervalos, espaços que sobravam"1 - residuais - eram interpretados como especulações sobre arquitectura. Em 1973, Matta-Clark enviou de Paris propostas irrealizáveis – os destroços de um comboio que pareciam uma ponte, casas-carrinhos de supermercado, parques flutuantes em cima de lanchas; chegou a cometer o sarcasmo de esboçar ideias negativas através de palavras, "obras destinadas ao colapso, ao fracasso, à ausência e à memória."1
Desta modo, o termo ‘anarquitectura’ – neologismo criado nos anos 70, utilizado por Matta-Clark – aproxima-se da expressão ‘des-arquitecturação’ de Smithson, e se Carl André fala de um "corte no espaço" (que habitualmente é um corte metafórico, levado a cabo num museu), Matta-Clark corta mesmo casas, em sentido literal de cima a baixo na periferia incaracterística dos grandes centros urbanos. Em 1971, este artista definiu vagamente o seu projecto: "conclusão através de remoção. Abstracção das superfícies. Não-construção, não-construído por demolição, espaço-não-construído. Criar complexidade espacial, mostrando novas aberturas contra velhas superfícies. Luz introduzida no espaço ou para além das superfícies cortadas. Partir e entrar. Aproximar-se do colapso estrutural, separar as partes no ponto de colapso (…)".1 Os cortes de Matta-Clark são actos de destruição no que diz respeito à arquitectura real, mas sem a sua intervenção, as construções em questão estariam condenadas à ruína e à destruição. "Os seus cortes nunca são destruição pura", segundo Becher, na medida em que "produzem salvação, abrindo espaços fechados, permitindo a entrada de luz em estruturas que antes lhe estavam vedadas, destruindo a separação nociva entre espaço público e privado (…) não são apenas planeados, como ainda geometricamente organizados, segundo um estética minimalista."1
A prática subtractiva de Matta-Clark insurge-se contra todo o impulso construtivo de uma Arquitectura que não pretende senão ser objecto de Especulação Imobiliária e contra a produção de objectos (escultóricos). Apesar da base teórica dos seus trabalhos, a preservação e a exposição de partes de edifícios, cortadas em circunstâncias diversas, resultaram na sua transformação em mercadoria congruente com o Mercado.
E em última análise, este género de intervenção não passa disso mesmo - uma manifestação, uma demarcação de uma posição ideológica, na medida em que uma obra de Arquitectura consiste numa expressão artística interdisciplinar que actua sobre as vivências. Esta surge como resposta a um necessidade antropológica que veicula o seu conteúdo através de uma matéria e de uma forma, representando, por isso, a materialização perene mediante materiais, dimensões e formas, do modo como o Homem se relaciona com o Espaço e com este responde às suas necessidades.
1 Colecção de Arte Contemporânea Público Serralves nº4, pp. 91 e 95.
Às vezes julgo que, de todos os tempos que temos, os entretantos são os mais menosprezados. 1
Porque se pensa que os momentos entre Actos, ou Acções Maiores, não têm qualquer interesse; são meros interlúdios, momentos de ócio casualmente temporários ou são meras deslocações entre dois Sítios, que são aqueles que nos importam, na altura.
Mas as possibilidades que um interlúdio oferece são desconhecidas - entre dois lugares existe o mesmo: uma sucessão de outros lugares, que podem albergar vida, acontecimentos. A nossa passagem por eles tem a hipótese de afectá-los e ficar marcada. Portanto não sabemos o que podemos esperar ao virar da esquina. Não sabemos o que veremos hoje, num Lugar pelo qual passamos invariavelmente todos os dias e que costuma estar amorfo.
Os pequenos momentos não devem ser subestimados.
A Realidade não deve ser considerada previsível nem plana.
Imagem: fotografia de Elliot Erwitt
1 CARDOSO, Miguel Esteves - O Amor é Fodido. Odivelas : Assírio & Alvim, 2006, p. 60
Síntese
Uma produção Noir caracteriza-se pela inclusão de factores que o distinguem dos demais estilos, demarcando-o. A existência de um crime, a apresentação da perspectiva dos criminosos – não da polícia, o uso de uma visão invertida das tradicionais Autoridades – tal como a corrupção policial, o retrato de alianças e lealdades instáveis, a presença de uma femme fatale que causa a ruína ou a morte de um bom homem, a demonstração da violência bruta pura e dura, ou a manifestação de complots bizarros constituem os alguns dos principais elementos que permitem identificar uma produção Noir.
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