“ Toda a arte é uma forma de literatura, porque toda a arte é dizer qualquer coisa. Há duas formas de dizer – falar e estar calado. As artes que não são a literatura são as projecções de um silêncio expressivo
(…)
O caso parece menos simples para as artes visuais, mas, se nos prepararmos com a consideração de que linhas, planos, volumes, cores, justaposições e contraposições são fenómenos verbais dados sem palavras ou antes por hieróglifos espirituais, compreenderemos como compreender as artes visuais e, ainda que as não cheguemos a compreender ainda, teremos, ao menos, já em nosso poder o livro que contém a cifra e a alma que pode conter a decifração. Tanto basta até chegar o resto.”
Álvaro de Campos IN Presença, n.º 48, Coimbra, Julho de 1936
RICARDO REIS
O Estóico
O Epicurista
O Clássico
Após as exposições das Séries Álvaro de Campos(http://arquitextura.blogs.sapo.pt/19412.html) e Alberto Caeiro - inseridas no Ciclo dos Heterónimos -, desta feita está exposta no Auditório da Casa Fernando Pessoa a Série de Pintura Ricardo Reis, desde o dia 29 de Janeiro.
Na sequência das antecedentes, a actual Série de Pintura baseia-se igualmente em excertos seleccionados de poemas de mais um heterónimo pessoano, os quais constituem o ponto de partida para ilustrações de pequeno formato, feitas com recurso a aguarela e grafite sobre papel.
Encerra-se, assim, a Tríade de Séries baseadas em três dos principais heterenónimos de Fernando Pessoa, realizadas segundo os mesmos princípios operativos.
Campo de Ourique - Rua Coelho da Rocha n.º 16
Transportes : Autocarro: 9, 20, 38 | Eléctrico: 25, 28
(...)
A vida é terra e o vivê-lo é lodo.
Tudo é maneira, diferença ou modo.
Em tudo quanto faças sê só tu,
Em tudo quanto faças sê tu todo.
12-9-1935
[50B1-51r]
Tudo é como se nada se passasse.
Tudo fica como se nada ficasse.
Tudo é o que não é, e a sombra desce.
Sobre o que é e não é e ou morre ou nasce.
[ Setembro de 1935 ]
[63-43r]
Ouvi os sábios todos discutir.
Podia a todos refutar a rir.
Mas preferi, bebendo na ampla sombra,
Indefinidamente só ouvir.
Manda quem manda porque manda, nem
Importa que mal mande ou mande bem.
Todos são grandes quando a hora é sua.
Por baixo cada um é o mesmo alguém .
Não invejes a pompa, e ao poder,
Visto que pode, sem razão nem ser
Obedece, que a vida dura pouco
Nem há por isso muito que sofrer.
3-10-1935 a.m.
[45 - 29r]
Reinam o bobo e o vil, e o quem calha
A sorte de reinar; que o acordo falha,
Mas a justa verdade há-de chegar -
Quando for tarde e já nada valha
s.d.
(...)
Fonte: GALHOZ, Maria Aliete, Canções de beber : Ruba'iyat na Obra de Fernando Pessoa. Lisboa: Assírio e Alvim, Lisboa, 2002
Imagem: original de http://www.hottopos.com/mirandum/fernkhay.htm; tratamento digital em Photoshop : inversão de cores
Composição em Windows MovieMaker de produção própria, baseada num excerto de Heróstrato - E a busca da Imortalidade, de Fernando Pessoa, e Movimento Perpétuo, de Carlos Paredes.
"Pessoa, por carácter, nunca poderia ter sido Álvaro de Campos na vida real, salvo em alguns encontros com Ofélia Queiroz e talvez no dia, do ano de 1930, em que conheceu João Gaspar Simões e José Régio num café da Baixa.
(...)
Campos serviu-lhe para gozar, em segunda mão, algumas aventuras e também para provar que Pessoa tinha feito bem em não gastar as suas energias, visto que teria chegado ao mesmo porto a que Campos chegou: Lisboa e uma incurável melancolia."
IN Post-Mortem de Barão de Teive - A Educação do Estóico; Richard Zenith - Editora Assírio & Alvim
Se sou alegre ou sou triste ?...
Francamente, não o sei.
A tristeza em que consiste?
Da alegria o que farei ?
Não sou alegre nem triste.
Verdade, não sei que sou.
Sou qualquer alma que existe
E sente o que Deus fadou.
Afinal, alegre ou triste ?
Pensar nunca tem um bom fim...
Minha tristeza consiste
Em não saber bem de mim...
Mas a alegria é assim...
20.08.1930
IN Quadras e Outros Cantares - Fernando Pessoa; Editora Relógio d'Água.
Imagem base: www.ufp.pt
Nunca conheci quem tivesse levado porrada,
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
(...)
Arre, estou farto de semi-deuses!
Onde é que há gente no mundo ?
Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra ?
(...)
Álvaro de Campos IN Poema em Linha Recta
" O escrúpulo é a morte da acção. Pensar na sensibilidade alheia é estar certo de não agir. Não há acção, por mais pequena que seja - e quanto mais importante, mais isso é certo - que não fira outra alma, que não magoe alguém, que não contenha elementos de que, se tivermos coração, não nos tenhamos de arrepender (...) "
Barão de Teive IN A Educação do Estóico
Nisto o suicida foi antecipadamente injusto. As referências dos jornais prestam-lhe inteira homenagem. Assim, o correspondente local do "Diário de Notícias" transmite nestes termos ao seu jornal anotícia da morte: «Suicidou-se ontem na sua casa de Macieira o Sr. Álvaro Coelho de Athayde, 20º Barão de Teive, de uma família das mais distintas deste concelho. O triste fim do Sr. Barão de Teive causou grande consternação, pois o finado era aqui muito estimado pelas suas belas qualidades de carácter.»
Quinta da Macieira
12 de Julho de 1920
(...) "Por isso [Pessoa] inventou o barão, depositou nele a sua orgulhosa razão, e matou-o com um sorriso que nada tinha de inocente."
Fonte: Barão de Teive - A educação do Estóico; Editora Assírio & Alvim
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