" Digamos que estava a pôr à prova os limites da realidade.
Estava curioso em ver o que aconteceria.
Era tudo: apenas curiosidade.
JIM MORRISON
Los Angeles, 1969 "
Fonte : HOPKINS, Jerry, Daqui ninguém sai vivo (trad. de Rita Freudenthal), Assírio & Alvim, Lisboa,1994
.Em Arquitectura, a defesa da ideia de que nem tudo pode ser racionalmente explicado e defensável não pode – ou não deveria… – poder ser invocada para legitimar todo e qualquer tipo de intervenção onde quer que seja.
Tenho dito.
" (…)
Hoje percebemos que se vamos competir, têm que existir mudanças dramáticas.
No caso da Arquitectura, a filosofia conservadora atinge todas as publicações onde a utilidade de informar e marcar a diferença foi substituída por uma arquitectura com forte doutrina conformista e nacionalista, circunscrita pela hegemonia da escola do Porto, através do geometricamente ortodoxo e exclusão da diferença.
(…)
Esta prática e perfil clássico do arquitecto como artista transcende as publicações mensais para incluir muito das outras publicações mensais.
(…)
As revistas presentemente no mercado operam nesta “sopa morna” de conformismo e repetição que ignora uma real e coerente linha crítica e uma diversidade subjacente mas pouco publicada. Tudo é tratado como se fosse uma mera memória descritiva ou “traválogo” de uma agência de viagens. A ausência de análise e coragem de comparar, contestar, criticar, discordar, aproxima as revistas do catálogo ou brochura publicitária de imobiliário. “
(…) “
John Chamberlain, arquitecto, IN “Um espaço de crítica” da revista Arquitectura e Vida n.º 74
(...)
" A escravatura, ah, isso não, nós somos contra! Que se seja constrangido a instalá-la em sua casa, ou nas fábricas, bom, está na ordem das coisas, mas gabar-se disso é o cúmulo.
Sei bem que não se pode passar sem dominar ou ser-se servido. Todo o homem tem necessidade de escravos como de ar puro."
(...)
CAMUS, Albert, A Queda, (trad. de José Terra) Editora Livros do Brasil, Lisboa, 2008.
(...)
"A natureza das imagens de algo que ainda não aconteceu, e que pode de facto nunca vir a acontecer,não é diferente das imagens acerca de algo que já aconteceu e que retemos. Elas constituem a memória de um futuro possível (...) são construções do cérebro."
(...)
António Damásio IN "O Erro de Descartes, Emoção,Razão e Cérebro Humano" - Publicações Europa-América
“ Toda a arte é uma forma de literatura, porque toda a arte é dizer qualquer coisa. Há duas formas de dizer – falar e estar calado. As artes que não são a literatura são as projecções de um silêncio expressivo
(…)
O caso parece menos simples para as artes visuais, mas, se nos prepararmos com a consideração de que linhas, planos, volumes, cores, justaposições e contraposições são fenómenos verbais dados sem palavras ou antes por hieróglifos espirituais, compreenderemos como compreender as artes visuais e, ainda que as não cheguemos a compreender ainda, teremos, ao menos, já em nosso poder o livro que contém a cifra e a alma que pode conter a decifração. Tanto basta até chegar o resto.”
Álvaro de Campos IN Presença, n.º 48, Coimbra, Julho de 1936
(...)
11. Nós cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pelo tumulto; cantaremos as marés multicoloridas e polifónicas das revoluções nas capitais modernas; cantaremos o vibrante fervor nocturno dos arsenais e dos estaleiros incendiados por violentas luas eléctricas; as estações esganadas, devoradoras de serpentes que fumam; as oficinas penduradas às nuvens pelos fios contorcidos das suas fumaças; as pontes, semelhantes a ginastas gigantes que cavalgam os rios, faiscantes ao sol com um luzir de facas; as locomotivas de largo peito, que passam sobre os trilhos como enormes cavalos de aço enleados de carros; e o vôo rasante dos aviões, cuja hélice freme ao vento, como uma bandeira, e parece aplaudir como uma multidão entusiasta.
(...)
MARINETTI, Filippo Tommaso, Manifesto Futurista. Le Fígaro, 20 de Fevereiro de 1909
Composição em Windows MovieMaker de produção própria, baseada num excerto de Heróstrato - E a busca da Imortalidade, de Fernando Pessoa, e Movimento Perpétuo, de Carlos Paredes.
Às vezes julgo que, de todos os tempos que temos, os entretantos são os mais menosprezados. 1
Porque se pensa que os momentos entre Actos, ou Acções Maiores, não têm qualquer interesse; são meros interlúdios, momentos de ócio casualmente temporários ou são meras deslocações entre dois Sítios, que são aqueles que nos importam, na altura.
Mas as possibilidades que um interlúdio oferece são desconhecidas - entre dois lugares existe o mesmo: uma sucessão de outros lugares, que podem albergar vida, acontecimentos. A nossa passagem por eles tem a hipótese de afectá-los e ficar marcada. Portanto não sabemos o que podemos esperar ao virar da esquina. Não sabemos o que veremos hoje, num Lugar pelo qual passamos invariavelmente todos os dias e que costuma estar amorfo.
Os pequenos momentos não devem ser subestimados.
A Realidade não deve ser considerada previsível nem plana.
Imagem: fotografia de Elliot Erwitt
1 CARDOSO, Miguel Esteves - O Amor é Fodido. Odivelas : Assírio & Alvim, 2006, p. 60
Começar é fácil. Acabar é mais fácil ainda.
(...)
Cada começo é uma mudança e o coração humano vicia-se em mudar. Vicia-se na novidade do arranque, do início, da inauguração, da primeira linha na página branca, da luz e do barulho das portas a abrir.
Começar é fácil. Acabar é mais fácil ainda. Por isso respeito cada vez menos estas actividades. Aprendi que o mais natural é criar e o mais difícil de tudo é continuar. A actividade que eu mais amo e respeito é a actividade de manter.
(...)
Preservar, que é uma das nossas mais puras e portuguesas paixões, perpetuar uma amizade ou um monte de pedras, tanto faz - conta como sinónimo de estagnar. Manter e continuar as coisas, sem as querer mudar, é visto como perversão e má vontade.
Desenvolver, arrancar, iniciar, evoluir, renovar: são estas as palavras do nosso tempo. (...) Mas as coisas velhas não se curam com coisas novas. Sobretudo quando não se lhes dá o tempo para envelhecer. É como se quiséssemos mudar de corpo cada vez que adoecêssemos.
"
Miguel Esteves Cardoso IN As Minhas Aventuras na República Portuguesa - Editora Assírio & Alvim, 6ª Edição
Infografia : Produção Própria
"Triste como um pátio à chuva."
António Lobo Antunes, citado por Pedro Ribeiro IN http://osdiasuteis.blogspot.com/
" O escrúpulo é a morte da acção. Pensar na sensibilidade alheia é estar certo de não agir. Não há acção, por mais pequena que seja - e quanto mais importante, mais isso é certo - que não fira outra alma, que não magoe alguém, que não contenha elementos de que, se tivermos coração, não nos tenhamos de arrepender (...) "
Barão de Teive IN A Educação do Estóico
“Há algo de americano, com a barulheira e o quotidiano omitidos, no temperamento intelectual deste povo. Ninguém como ele se apropria tão prontamente das novidades. Nenhum povo despersonaliza tão magicamente. Essa fraqueza é a sua grande força (…). Porque o facto significativo acerca dos portugueses é que eles são o povo mais civilizado da Europa. Eles nascem civilizados porque nascem aceitadores de tudo (…). Outros povos acordam todas as manhãs no dia de ontem (…). Mas não esta tão estranha gente. Move-se tão rapidamente que deixa tudo por fazer, incluindo ir depressa. Nada há de menos ocioso do que um português. A única parte ociosa do país é aquela que trabalha. Daí a sua falta de evidente progresso. “
Fernando Pessoa IN Obra em Prosa de Fernando Pessoa: Textos de Intervenção Social e Cultural - A Ficção dos Heterónimos.
Nisto o suicida foi antecipadamente injusto. As referências dos jornais prestam-lhe inteira homenagem. Assim, o correspondente local do "Diário de Notícias" transmite nestes termos ao seu jornal anotícia da morte: «Suicidou-se ontem na sua casa de Macieira o Sr. Álvaro Coelho de Athayde, 20º Barão de Teive, de uma família das mais distintas deste concelho. O triste fim do Sr. Barão de Teive causou grande consternação, pois o finado era aqui muito estimado pelas suas belas qualidades de carácter.»
Quinta da Macieira
12 de Julho de 1920
(...) "Por isso [Pessoa] inventou o barão, depositou nele a sua orgulhosa razão, e matou-o com um sorriso que nada tinha de inocente."
Fonte: Barão de Teive - A educação do Estóico; Editora Assírio & Alvim
" A procura da verdade - seja a verdade subjectiva do convencimento, a objectiva da realidade, ou a social do dinheiro ou do poder - traz sempre consigo, se nela se emprega quem merece prémio, o conhecimento último da sua inexistência. A sorte grande da vida sai somente aos que compraram por acaso.
A arte tem valia porque nos tira de aqui.
"
Bernardo Soares IN LIvro do Desassossego - Texto nº 361.
"
O Mundo é de quem não sente. A condição essencial para se ser um homem prático é a ausência de sensibilidade. A qualidade principal na prática da vida é aquela qualidade que conduz à acção, isto é, a vontade.
(...)
"
Bernardo Soares, IN Livro do Desassossego - Texto nº 303.
"
Nascemos todos com vontade de amar. Ser amado é secundário. Prejudica o amor que muitas vezes o antecede. Um amor não pode pertencer a duas pessoas, por muito que o queiramos. Cada um tem o amor que tem, fora dele. É esse afastamento que nos magoa, que nos põe doidos, sempre à procura do eco que não vem. Os que vêm são bem-vindos, às vezes, mas não são os que queremos. Quando somos honestos, ou estamos apaixonados, é apenas um que se pretende.
Tenho a certeza que não se pode ter o que se ama. Ser amado não corresponde jamais ao amor que temos, porque não nos pertence. Por isso escrevemos romances - porque ninguém acredita neles, excepto quem os escreve.
Viver é outra coisa. Amar e ser amado distrai-nos irremediavelmente. O amor apouca-se e perde-se quando quando se dá aos dias e às pessoas. Traduz-se e deixa ser o que é. Só na solidão permanece...
O amor é fodido. Hei-de acreditar sempre nisto. Onde quer que haja amor, ele acabará, mais tarde ou mais cedo, por ser fodido.
(...)
"
Miguel Esteves Cardoso IN O Amor é fodido .
O entusiasmo é uma grosseria.
(...)
Exteriorizar impressões é mais persuadirmo-nos de que as temos do que termo-las.
"
Bernardo Soares IN "Livro do Desassossego" - texto nº 211
"
Na vida de hoje, o mundo só pertence aos estúpidos, aos insensíveis e aos agitados. O direito a viver e a triunfar conquista-se hoje quase pelos mesmos processos por que se conquista o internamento num manicómio; a incapacidade de pensar, a amoralidade, e a hiperexcitação.
"
Bernardo Soares, IN Livro do Desassossego
"Eu não me queixo pelo mundo. Não protesto em nome do universo. Não sou pessimista. Sofro e queixo-me, mas não sei se o que há de geral é o sofrimento nem sei se é humano sofrer. Que me importa saber se isso é certo ou não?
Eu sofro, não sei se merecidamente. (Corça perseguida)
Eu não sou pessimista, sou triste."
Bernardo Soares, IN "Livro do Desassossego" - texto 127.
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